Durante o decorrer do primeiro período, as três turmas do 5.º ano escreveram um conto coletivo. Sim...leu bem! Temos escritores de palmo e meio na nossa escola...
A Biblioteca Municipal de Fafe deu o arranque desta atividade de escrita, presenteando-nos com o início do conto e...depois, os nossos caloirinhos meteram mãos à obra, que é como quem diz: "mãos à escrita" e escreveram resto do conto, que é alusivo ao tema da Semana da Leitura: "Palavras do Mundo". Aqui está o início do conto:
"O MUNDO DAS PALAVRAS
Diariamente somos
confrontados com palavras que nos afetam emocionalmente e revolucionam o nosso
pensamento, pois têm um significado profundo e controverso.
Amor, paz e felicidade
são palavras que emanam uma energia benéfica e nos remetem para um panorama de
alegria e bem-estar; guerra, dor ou morte, por outro lado, transportam-nos para
um universo sombrio e triste.
No mundo, atualmente,
escutam-se vocábulos como doença, crise e economia, enviando a sociedade para
um crescente clima de stress e
infelicidade. Mas, nem tudo está perdido! Eu sou o/a criador (a) da minha
própria energia e, como tal, das minhas palavras. Embora sendo apenas um/a,
tenho o poder de mudar o mundo e para iniciar este moroso processo vou começar
por …"
E aqui está como os alunos deram continuidade ao texto:
"... eliminar as palavras
“tristeza”, “bullying”, “morte”, “doença”, “mentira”, “guerra”, “pobreza”,
“mal”, “infelicidade”, “ignorância” e “intolerância”. Ainda bem que me encontro
de férias, porque só assim consegui ter tempo para recolher todas estas
palavras tão negativas e fechá-las, a sete chaves, num grande baú de ferro, que
vou guardar no meu sótão.
«Este baú é mesmo muito
pesado, não vou conseguir carregá-lo sozinha…Tenho de pedir ajuda.» – pensa a
Maria. E chama, imediatamente, pela sua querida avó.
- Avó, avó! Podes chegar
aqui, por favor? – chama, insistentemente, a Maria.
- Já vou, Maria! Qual é a
pressa?! – pergunta a avó.
- Chega aqui, vá, que já te
explico. – respondeu.
A avó aproxima-se da Maria e
vê aquele baú enorme no meio da sala e, muito intrigada, pergunta à sua neta o
que é que está dentro daquela arca. Calculou imediatamente que eram os
brinquedos que ela já não queria para brincar e aconselhou a netinha a doar às
crianças mais necessitadas. Mas a Maria interrompeu-a e disse-lhe que não eram
brinquedos, mas palavras maldosas, muito negativas que não podiam continuar a
circular pelo mundo fora, daí querer levá-las, fechadas no baú, para o sótão. A
primeira reação da avó foi de espanto, ficando boquiaberta e, logo de seguida,
sentiu-se muito orgulhosa da sua ideia. O problema estava, mesmo, em levar
aquela grande caixa até ao sótão!
- Nem eu nem tu conseguimos
levar este baú pelas escadas acima, Maria…Como vamos fazer? – indagou.
Maria, pensativa, decidiu chamar alguém muito
mais forte que conseguisse levar aquelas palavras dali para o sótão! Pensou,
pensou e, então, lembrou-se do seu vizinho. Ele era bastante forte porque
treinava muito no ginásio, era a pessoa ideal para as ajudar nesta tarefa.
Decidiu atravessar a rua e chamar pelo Manuel. Tocou à campainha, mas ninguém
atendia. Tocou outra vez e nada!
A Maria regressa a casa,
triste e desiludida. A avó, que não gostava nada de a ver assim, disse-lhe:
- Calma, Maria, não te
preocupes…Havemos de arranjar outra solução.
- Que solução?! – pergunta a
Maria, preocupada.
- Olha ali o Bolinhas, anda
a fazer asneiras outra vez no jardim! Olha lá, está a fazer tocas e a estragar
as tulipas e as margaridas que semeei ontem! Malandro!
- Ah! Lembrei-me agora de
outra ideia! Uma bela ideia!
- Qual ideia? Diz lá, Maria.
– pede, curiosa, a avó.
- Ora, se não conseguimos
levar o baú para o sótão, que tal enterrar as palavras que estão lá fechadas,
uma a uma, no nosso quintal? – sugeriu a Maria, olhando para o seu Bolinhas,
que tinha acabado de lhe dar essa magnífica ideia.
- Não sei, Maria, se é uma
boa ideia! Imagina que enterramos as palavras e nascem outras ainda piores?
A Maria pensou nas palavras
sábias da sua avó e teve uma esplêndida ideia: cortar todas as palavras
negativas que circulam pela Humanidade, formar com essas mesmas letras palavras
novas, com carga positiva, e, depois, enterrá-las! E se assim pensou, assim
transmitiu essa ideia à avó!
A Maria e a avó meteram mãos
à obra e planificaram, então, o que tinham de arranjar para efetuar, com
sucesso, esta tarefa. Precisavam arranjar tesouras, cola e folha para colar as
novas palavras que iriam formar. A Maria arranjou todo o material e foram até
perto do baú. Abriram-no, devagar, com muito cuidado, para que as palavras aí
guardadas não se espalhassem…A primeira palavra que retiraram foi
“intolerância”. E agora? O que fazer com aquela dúzia de letras? Que palavra
nova poderiam construir com elas? Estavam elas no meio desta difícil tarefa,
quando tocaram à porta. Quem seria? Nem a Maria nem a avó podiam atender a campainha,
pois aquela palavra maldosa poderia escapar das suas mãos e seria desastroso.
Então, decidiram guardá-la novamente no baú para poderem ver quem estava à
porta. Porém, assim que abriram o baú, todas as outras palavras espalharam-se
pela casa inteira! Que aflição! O que fazer agora?
A avó pensou numa solução
rápida para aquele problema e decidiu combinar com a sua neta uma estratégia:
encenar várias situações de conflito para atrair as palavras más espalhadas.
Algumas palavras deixaram-se apanhar nesta armadilha, mas as outras ao verem as
amigas a ser apanhadas, continuavam a fugir e a escapar pela casa. Até que a
Maria se lembrou de uma outra maneira de as agarrar! Foi buscar o aspirador à
despensa e toca a aspirar as palavras que restavam…Num instante estavam todas
no saco do aspirador e foi fácil metê-las novamente no baú.
Trimmmm…Trimmmm…estavam
novamente a tocar à porta. Maria foi abrir. Quando deu de caras com a visita,
nem podia acreditar no que via! À sua frente estava um manto de neve, um
pinheirinho enfeitado, com uma estrela brilhante no topo e aos seus pés um
lindo presépio. Trazia consigo um grande saco, cheio de alegria, amizade, vida,
saúde, verdade, paz, riqueza, bem, bondade, felicidade, sabedoria e tolerância.
Era…o Natal!
- Olá, Maria! Vim aqui
ajudar-te a eliminar as palavras que guardaste no baú…- disse o Natal.
- Olá! Muito obrigada,
Natal! Vieste em boa hora. Fico mesmo muito agradecida.
- Não tens nada a agradecer,
porque o Natal é mesmo isto: ajudar sempre quem precisa.
Entretanto, a avó da Maria
veio ver quem era e ficou muito surpreendida por ver que era o Natal que estava
à porta. Convidou-o a entrar e ofereceu-lhe uma bebida quente acompanhado com
bolinhos. Depois deste lanchinho, os três meteram mãos à obra: o Natal abriu o
seu saco e, num instante, as suas palavras saíram e iluminaram aquela casa,
eliminando, uma a uma, todas as palavras más que estavam, ainda, no baú. Para
estas não regressarem, a Maria guardou as palavras boas do Natal no baú,
durante todo o ano. Sempre que apareciam algumas palavras más na sua vida, a
Maria recorria ao baú, retirando as palavras defensoras, fazendo o mesmo à sua
avó, a toda a sua família e a todos os que delas necessitassem."
Na Semana da Leitura, o nosso Conto Andarilho foi publicado juntamente com os Contos Andarilhos dos alunos de todas as outras escolas básicas de 2.º e 3.º Ciclos do concelho. Para conhecê-los, basta aceder à página da Biblioteca Municipal de Fafe.
Parabéns a todos os nossos pequenos escritores! Alguns dos nossos alunos também ilustraram a história que escreveram...Será que além de escritores, teremos aqui a germinar algum futuro ilustrador???? Ora espreitem lá!