Biblioteca da Escola Básica de Arões - Santa Cristina
Agrupamento de Escolas de Fafe

07 abril 2015

Conto Andarilho

         Durante o decorrer do primeiro período, as três turmas do 5.º ano escreveram um conto coletivo. Sim...leu bem! Temos escritores de palmo e meio na nossa escola...
          A Biblioteca Municipal de Fafe deu o arranque desta atividade de escrita, presenteando-nos com o início do conto e...depois, os nossos caloirinhos meteram mãos à obra, que é como quem diz: "mãos à escrita" e escreveram resto do conto, que é alusivo ao tema da Semana da Leitura: "Palavras do Mundo". Aqui está o início do conto:


"O MUNDO DAS PALAVRAS


Diariamente somos confrontados com palavras que nos afetam emocionalmente e revolucionam o nosso pensamento, pois têm um significado profundo e controverso.
Amor, paz e felicidade são palavras que emanam uma energia benéfica e nos remetem para um panorama de alegria e bem-estar; guerra, dor ou morte, por outro lado, transportam-nos para um universo sombrio e triste.

No mundo, atualmente, escutam-se vocábulos como doença, crise e economia, enviando a sociedade para um crescente clima de stress e infelicidade. Mas, nem tudo está perdido! Eu sou o/a criador (a) da minha própria energia e, como tal, das minhas palavras. Embora sendo apenas um/a, tenho o poder de mudar o mundo e para iniciar este moroso processo vou começar por …"

E aqui está como os alunos deram continuidade ao texto:

"... eliminar as palavras “tristeza”, “bullying”, “morte”, “doença”, “mentira”, “guerra”, “pobreza”, “mal”, “infelicidade”, “ignorância” e “intolerância”. Ainda bem que me encontro de férias, porque só assim consegui ter tempo para recolher todas estas palavras tão negativas e fechá-las, a sete chaves, num grande baú de ferro, que vou guardar no meu sótão.
«Este baú é mesmo muito pesado, não vou conseguir carregá-lo sozinha…Tenho de pedir ajuda.» – pensa a Maria. E chama, imediatamente, pela sua querida avó.
- Avó, avó! Podes chegar aqui, por favor? – chama, insistentemente, a Maria.
- Já vou, Maria! Qual é a pressa?! – pergunta a avó.
- Chega aqui, vá, que já te explico. – respondeu.
A avó aproxima-se da Maria e vê aquele baú enorme no meio da sala e, muito intrigada, pergunta à sua neta o que é que está dentro daquela arca. Calculou imediatamente que eram os brinquedos que ela já não queria para brincar e aconselhou a netinha a doar às crianças mais necessitadas. Mas a Maria interrompeu-a e disse-lhe que não eram brinquedos, mas palavras maldosas, muito negativas que não podiam continuar a circular pelo mundo fora, daí querer levá-las, fechadas no baú, para o sótão. A primeira reação da avó foi de espanto, ficando boquiaberta e, logo de seguida, sentiu-se muito orgulhosa da sua ideia. O problema estava, mesmo, em levar aquela grande caixa até ao sótão!
- Nem eu nem tu conseguimos levar este baú pelas escadas acima, Maria…Como vamos fazer? – indagou.
 Maria, pensativa, decidiu chamar alguém muito mais forte que conseguisse levar aquelas palavras dali para o sótão! Pensou, pensou e, então, lembrou-se do seu vizinho. Ele era bastante forte porque treinava muito no ginásio, era a pessoa ideal para as ajudar nesta tarefa. Decidiu atravessar a rua e chamar pelo Manuel. Tocou à campainha, mas ninguém atendia. Tocou outra vez e nada!
A Maria regressa a casa, triste e desiludida. A avó, que não gostava nada de a ver assim, disse-lhe:
- Calma, Maria, não te preocupes…Havemos de arranjar outra solução.
- Que solução?! – pergunta a Maria, preocupada.
- Olha ali o Bolinhas, anda a fazer asneiras outra vez no jardim! Olha lá, está a fazer tocas e a estragar as tulipas e as margaridas que semeei ontem! Malandro!
- Ah! Lembrei-me agora de outra ideia! Uma bela ideia!
- Qual ideia? Diz lá, Maria. – pede, curiosa, a avó.
- Ora, se não conseguimos levar o baú para o sótão, que tal enterrar as palavras que estão lá fechadas, uma a uma, no nosso quintal? – sugeriu a Maria, olhando para o seu Bolinhas, que tinha acabado de lhe dar essa magnífica ideia.
- Não sei, Maria, se é uma boa ideia! Imagina que enterramos as palavras e nascem outras ainda piores?
A Maria pensou nas palavras sábias da sua avó e teve uma esplêndida ideia: cortar todas as palavras negativas que circulam pela Humanidade, formar com essas mesmas letras palavras novas, com carga positiva, e, depois, enterrá-las! E se assim pensou, assim transmitiu essa ideia à avó!
A Maria e a avó meteram mãos à obra e planificaram, então, o que tinham de arranjar para efetuar, com sucesso, esta tarefa. Precisavam arranjar tesouras, cola e folha para colar as novas palavras que iriam formar. A Maria arranjou todo o material e foram até perto do baú. Abriram-no, devagar, com muito cuidado, para que as palavras aí guardadas não se espalhassem…A primeira palavra que retiraram foi “intolerância”. E agora? O que fazer com aquela dúzia de letras? Que palavra nova poderiam construir com elas? Estavam elas no meio desta difícil tarefa, quando tocaram à porta. Quem seria? Nem a Maria nem a avó podiam atender a campainha, pois aquela palavra maldosa poderia escapar das suas mãos e seria desastroso. Então, decidiram guardá-la novamente no baú para poderem ver quem estava à porta. Porém, assim que abriram o baú, todas as outras palavras espalharam-se pela casa inteira! Que aflição! O que fazer agora?
A avó pensou numa solução rápida para aquele problema e decidiu combinar com a sua neta uma estratégia: encenar várias situações de conflito para atrair as palavras más espalhadas. Algumas palavras deixaram-se apanhar nesta armadilha, mas as outras ao verem as amigas a ser apanhadas, continuavam a fugir e a escapar pela casa. Até que a Maria se lembrou de uma outra maneira de as agarrar! Foi buscar o aspirador à despensa e toca a aspirar as palavras que restavam…Num instante estavam todas no saco do aspirador e foi fácil metê-las novamente no baú.
Trimmmm…Trimmmm…estavam novamente a tocar à porta. Maria foi abrir. Quando deu de caras com a visita, nem podia acreditar no que via! À sua frente estava um manto de neve, um pinheirinho enfeitado, com uma estrela brilhante no topo e aos seus pés um lindo presépio. Trazia consigo um grande saco, cheio de alegria, amizade, vida, saúde, verdade, paz, riqueza, bem, bondade, felicidade, sabedoria e tolerância. Era…o Natal!
- Olá, Maria! Vim aqui ajudar-te a eliminar as palavras que guardaste no baú…- disse o Natal.
- Olá! Muito obrigada, Natal! Vieste em boa hora. Fico mesmo muito agradecida.
- Não tens nada a agradecer, porque o Natal é mesmo isto: ajudar sempre quem precisa.
Entretanto, a avó da Maria veio ver quem era e ficou muito surpreendida por ver que era o Natal que estava à porta. Convidou-o a entrar e ofereceu-lhe uma bebida quente acompanhado com bolinhos. Depois deste lanchinho, os três meteram mãos à obra: o Natal abriu o seu saco e, num instante, as suas palavras saíram e iluminaram aquela casa, eliminando, uma a uma, todas as palavras más que estavam, ainda, no baú. Para estas não regressarem, a Maria guardou as palavras boas do Natal no baú, durante todo o ano. Sempre que apareciam algumas palavras más na sua vida, a Maria recorria ao baú, retirando as palavras defensoras, fazendo o mesmo à sua avó, a toda a sua família e a todos os que delas necessitassem."

Na Semana da Leitura, o nosso Conto Andarilho foi publicado juntamente com os Contos Andarilhos dos alunos de todas as outras escolas básicas de 2.º e 3.º Ciclos do concelho. Para conhecê-los, basta aceder à página da Biblioteca Municipal de Fafe.
Parabéns a todos os nossos pequenos escritores! Alguns dos nossos alunos também ilustraram a história que escreveram...Será que além de escritores, teremos aqui a germinar algum futuro ilustrador???? Ora espreitem lá!